Etnomapeamento no processo de gestão territorial do povo Ingarikó em Roraima -Brasil

Autores

Marta Margareth Braid de Melo
Fundação Universidade Regional de Blumenau (FURB)
https://orcid.org/0000-0001-7201-0089
Arlene Oliveira Souza
Universidade Estadual da Paraíba (UEPB)
https://orcid.org/0000-0002-5483-3329
Elói Martins Senhoras
Universidade Federal de Roraima (UFRR)
https://orcid.org/0000-0002-4202-3855

Palavras-chave:

etnomapeamento, gestão territorial, Ingarikó, políticas públicas indígenas

Sinopse

Este artigo analisou de que modo o povo Ingarikó, em especial a comunidade Manalai, apropriou-se dos dispositivos da Política Nacional de Gestão Territorial e Ambiental de Terras Indígenas (PNGATI), instituída pelo Decreto nº 7.747/2012. A investigação centrou-se na incorporação do etnomapeamento como instrumento de autogestão territorial, articulando saberes tradicionais e normativas estatais. A pesquisa, de abordagem qualitativa, valeu-se de análise de conteúdo, observação participante e entrevistas semiestruturadas com oito lideranças Ingarikó, além da realização de oficinas com a comunidade, cuja produção cartográfica subsidiou o processo de elaboração do Plano de Gestão Territorial e Ambiental (PGTA). A categorização na análise de conteúdo foi executadacom o auxílio do software IraMuTeQ. No cerne das atividades, destacou-se a etnografia cartográfica, a partir da qual se empreendeu o etnomapeamento dos usos do território, visando à identificação de zonas de cultivo, caça, pesca, turismo, moradia e espaços de significação sagrada, com a aplicação de codificação cromática para fins de georreferenciamento. Tal procedimento possibilitou a atualização da base cartográfica sob uma ótica eminentemente indígena, promovendo a reconfiguração dos marcos territoriaise fornecendo subsídios técnicos para fundamentar estratégias de ordenamento. Os resultados evidenciaram que os Ingarikó, com ênfase na comunidade Manalai, absorveram os dispositivos da PNGATI de maneira crítica e estratégica, integrando os saberes tradicionais por meio do etnomapeamento e etnozoneamento para a construção de um modelo próprio de gestão territorial. A implementação participativa, evidenciada em assembleias e oficinas, permitiu a elaboração do PGTA, reforçando a autodeterminação e a defesa dos direitos territoriais. Contudo, a materialização do plano, realizada apenas após 12 anos, expôs fragilidades institucionais e a insuficiência de apoio estatal, limitando o potencial emancipatório da política pública.

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Publicado

abril 4, 2025

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