Caminhos para um Capitalismo Sustentável

Autores/as

Frederico Meco Milonga Rafael
Universidade Lusíada de Angola (ULA)
https://orcid.org/0009-0002-3507-4539
Manuel Fidel Sonhi Manassa
Universidade Lueji A'Nkonde (ULAN)
https://orcid.org/0000-0003-4985-2178

Palabras clave:

Capitalismo, Economia, ESG, Meio Ambiente, Sustentabilidade

Sinopsis

Vivemos um tempo de transição profunda. O modelo económico que dominou grande parte do século XX, alicerçado na ideia de que a maximização do lucro individual conduziria automaticamente ao progresso colectivo, encontra-se hoje em crise. A promessa de crescimento ilimitado confronta-se com realidades duras: a aceleração das alterações climáticas, a perda de biodiversidade, a escassez de recursos naturais, o aumento das desigualdades sociais e a erosão da confiança dos cidadãos nas instituições.

A pandemia da COVID-19 revelou de forma brutal a interdependência entre saúde pública, resiliência social e estabilidade económica. Em poucos meses, cadeias de abastecimento globais colapsaram, milhões de pessoas perderam empregos, e a desigualdade digital e social ficou à vista. Ao mesmo tempo, os fenómenos climáticos extremos tornaram-se mais frequentes: ondas de calor recorde na Europa e em África, incêndios florestais devastadores no Brasil, em Portugal, na Austrália e nos Estados Unidos. Estes eventos não são apenas tragédias ambientais ou humanitárias — são sinais claros de que o planeta já ultrapassou alguns dos seus limites de resiliência.

O sistema económico global consome hoje, em média, o equivalente a 1,7 planetas por ano em recursos naturais, e se todos vivessem como os países desenvolvidos, seriam necessários três planetas para sustentar o atual padrão de consumo. Ao mesmo tempo, as tensões sociais intensificam-se: comunidades excluídas da prosperidade, condições de trabalho precárias em cadeias globais de valor e conflitos crescentes em sectores de alto impacto, como a mineração, o petróleo e o gás.

Neste cenário, a transição energética surge como uma das grandes transformações do século XXI. A descarbonização da economia — substituindo combustíveis fósseis por energias renováveis — é tanto uma urgência climática como uma oportunidade económica. Países como a China, a União Europeia e os Estados Unidos já mobilizam biliões de dólares em investimentos para acelerar esta transição. África e América Latina, ricas em recursos minerais críticos como lítio, cobalto e níquel, enfrentam o duplo desafio de atrair investimento e evitar a repetição de padrões históricos de exploração insustentável.

É neste contexto que o debate sobre sustentabilidade emerge como imperativo. Já não se trata de uma escolha voluntária ou de uma preocupação marginal de algumas empresas visionárias. Sustentabilidade é hoje uma linguagem global. Expressões como ESG (Environmental, Social and Governance), economia circular, capitalismo consciente ou criação de valor partilhado ocupam o centro das agendas de governos, organizações internacionais, universidades, investidores e empresas em todos os continentes. Contudo, subsiste a questão essencial: será possível compatibilizar a busca legítima do lucro com o bem-estar das pessoas e a preservação do planeta?

Este livro nasce dessa interrogação. Mais do que um manual técnico ou um compêndio de boas práticas, propõe-se como um guia crítico e reflexivo sobre os caminhos possíveis para um capitalismo mais sustentável, inclusivo e regenerativo. “Caminhos para um Capitalismo Sustentável” nasce como um convite ao repensar: repensar a função das empresas, o papel dos governos e a responsabilidade de cada cidadão na construção de um futuro sustentável. Longe de propor receitas simplistas, esta obra convida ao diálogo entre teoria e prática, entre economia e ética, entre Norte e Sul globais. É um guia crítico para quem acredita que outro capitalismo é possível — um capitalismo que crie valor sem destruir a base da vida.

A obra apresenta os fundamentos conceptuais que ajudam a compreender a evolução histórica do capitalismo e o surgimento da agenda da sustentabilidade; explora os três pilares centrais — Lucro, Pessoas e Planeta — a partir de casos práticos e de debates teóricos; e termina com uma reflexão sobre governança, transparência e futuros possíveis para o capitalismo global, em especial nos contextos de África, América Latina e outros mercados emergentes. De igual modo faz também uma reflexão de forma superficial destes eventos em Angola com base em um critério investigativo e fontes orais, tendo em conta o baixo índice de informações sobre o assunto neste país de origem dos autores.

A obra dirige-se a um público amplo: estudantes e investigadores que procuram compreender os desafios globais da sustentabilidade; gestores e líderes empresariais que enfrentam a necessidade de transformar modelos de negócio; investidores e reguladores que procuram avaliar riscos e oportunidades num mundo em mudança; e cidadãos que desejam participar de forma mais activa na construção de sociedades mais justas e resilientes.

O convite que deixamos ao leitor é simples e desafiante: repensar connosco as bases do capitalismo. Imaginar um sistema capaz de gerar prosperidade económica sem esgotar os recursos naturais, de criar inovação sem agravar desigualdades e de construir riqueza sem comprometer as condições de vida das gerações futuras.

Publicado

diciembre 9, 2025

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